Agosto sobrevive por de trás das máscaras que mascaram os afetos

É agosto. 

Mais contido e distante, trouxe consigo lembranças de agostos passados. 


Os amantes da astronomia voltam a procurar no escuro céu a conhecida "chuva de estrelas ou de Perseidas”. Também para estes, agosto não será igual. Além da Lua parecer estar amuada, a constelação de Perseu no horizonte noturno também não vai estar no melhor local para a observação. 

Agosto apresenta-se no seu esplendor. Sinónimo de férias, família, amigos, esplanadas, passeios e praia. 

Todavia, estamos em 2020 e, se aparentemente existe uma normalidade que parece sobreviver ao toque do cotovelo, agosto será diferente. Sem festas e romarias, sem festivais de verão, sem muitos imigrantes que não puderam regressar ao seu País, agosto sobrevive, escondido por de trás das máscaras que nos cobrem os rostos, escondem os sorrisos e mascaram os afetos. 

Ainda assim é agosto e através da desordem que bruscamente se instalou nas nossas vidas, conseguimos crescer, tornámo-nos resilientes e chegámos até aqui. 

Viktor Frankl, psicoterapeuta que sobreviveu a Auschwitz e escreveu o livro “O Homem em Busca de um Sentido”, já dizia as sábias palavras: «quem tem um “porquê?”, enfrenta qualquer “como?”». 

Ainda estamos em agosto, cheira a maresia e a gin tónico, como que a brindar a vida que nos presenteia. Aproveitemos para sonhar, fazer planos, mas agosto é hoje! Amanhã já será setembro.

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