Inventar um problema para vender a solução

Sabia que a obesidade é uma das maiores fontes de lucro  das empresas alimentares e farmacêuticas e que os padrões utilizados para se considerar obeso foram revistos por forma a abranger mais população?


Sabia que ao serem alterados os parâmetros do colesterol que nos consideram “em risco”, o número de pessoas medicadas nos EUA passou de 13 milhões para 36 milhões?

Sabia que entre 2001 e 2004, quando começou a ser prescrito o medicamento para a hiperatividade, o número de pessoas diagnosticadas aumentou 800%?

Sabia que apenas quatro empresas dominam 90% da produção mundial de trigo e que as mesmas controlam o preço mundial do pão?

Sabia que os cartéis de droga e o crime organizado foram o único capital de investimento disponível para alguns bancos à beira do colapso?

Sabia que cada vez mais pessoas são diagnosticadas com doenças mentais, apenas porque os critérios do manual DSM (Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) são muito abrangentes? O resultado são muitas mais pessoas a serem medicadas. O próprio médico que organizou o manual reconhece o seu erro, admitindo que se “criou uma epidemia de diagnósticos de autismo, TDAH e depressão”.

Mais angustiante ainda é perceber qual é a terceira maior causa de morte nos EUA? Muitos responderiam cancro, diabetes, doenças cardíacas. Segundo o jornal da Associação Médica Americana são os tratamentos médicos receitados. O que é que isto significa? Objetivamente, que vamos a um médico e morremos por causa do tratamento. De acordo com o Departamento Americano de Saúde e Serviços Humanos, 15 mil pacientes do Serviço de Saúde são mortos por mês por causa dos tratamentos médicos. 15 mil pacientes.

Estas são algumas das principais conclusões de investigações levadas a cabo por Jacques Peretti, um jornalista de investigação da BBC, The Guardian, Wired e Huffington Post e realizador premiado de alguns dos mais controversos documentários.

Mas, que lóbis são estes que estão a mudar o mundo, e não apenas uma América que votou em Trump? Por cá, o lóbi também existe, talvez em menor escala. Faz-se todos os dias. Na banca, cada vez que um grande projeto é aprovado, quando uma cidade é escolhida para ser capital de qualquer coisa, um decreto-lei é regulamentado, um novo assessor é nomeado, uma prospeção de petróleo é encomendada, cada vez que um governo ou executivo tomam posse e assim sucessiva, sucessivamente. Marcas aparentemente indestrutíveis, que sustentam a economia, colapsam de um dia para o outro.

Há deliberações políticas em que são ouvidas várias entidades. Contra e a favor. Mas, este processo, chamado de democracia, nada mais é do que gestão de interesses. Ou dito de outra forma, lóbi, tráfico de influências, esta última designação tende a ser evitada, mas é posta em prática diariamente.

Num outro extremo temos o capítulo justiça, que não deveria ceder a lóbis, já que em Portugal o lóbi não é legal, mas também não é ilegal, todavia existe. É uma espécie de pasta “sem rei nem roque”, expressão que denota uma posição periclitante, em linguagem corrente.

Depois existem os académicos de peso, que conferem credibilidade à lei e do nada surge um conjunto de sintomas que ninguém conhecia antes. Sintomas estes que poderão ser políticos, financeiros, físicos e psicológicos. E eis que mais uma vez triunfa o Lobismo, que com a sua pressão, exercida geralmente por um grupo organizado, atinge determinados objetivos ou defende perseverantes interesses.

Que sociedade é esta que controla os medicamentos que tomamos, o que fazemos, comemos, compramos, vestimos, lemos, e que condiciona a maneira como pensamos?

Neste pequeno reino, o esforço e a competência deixaram de ser suficientes, qualquer “chico esperto” é um empreendedor, sem perspetivas os empregos deixaram de ser aliciantes, vivemos acorrentados numa sociedade que nos impõem regras e estereótipos, as velhas certezas mais não são do que meras inquietações.

Deveremos preparar-nos para a mudança? Este turbilhão acontecerá por acaso? A forma como percecionamos o mundo será real?

Na sociedade existirá sempre alguém com uma ideia brilhante: inventar um problema para vender a solução. As ideias são como as peças de xadrez que se movem para a frente. Xeque-mate!

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