Duras verdades
A informação que
temos nem sempre é a que queremos. Fala-se tanto da verdade dos factos, mas que
verdade? Os factos são dissimulados – isto para não dizer
ocultados. Ao leitor é-lhe confiscada a informação ou espremida até à última
gota. Porquê? Os chamados destaques nacionais são exacerbados no verdadeiro
sentido da palavra, por exemplo temas como a política ou o futebol são-nos
servidos ao pequeno-almoço, ao almoço e ao jantar, isto porque já nem há tempo
para o “lanchinho” a meio da tarde. E nem nos dão oportunidade de
escolha. As manchetes são as mesmas, na televisão, rádio, jornais, tudo aponta
para os mesmos temas e as matérias são análogas. Dramatiza-se ainda mais a situação
porque os leitores gostam de dramas e a desgraça alheia parece vender bem.
A corrente impressionista
adquiriu hoje tal popularidade que já não interessa analisar objectivamente. O
“jornalista” tornou-se num mero transmissor de sensações, com plena liberdade
de usurpação. E o leitor? Cabe-lhe apenas a árdua tarefa - já amplamente
desenvolvida - de encontrar a sua própria identificação com o texto.
O jornalista
deve ser imparcial, deve narrar a verdade dos factos e permanecer isento de
quaisquer valores e interesses - partidários, ideológicos, religiosos,
filosóficos e sociais. Faz-me confusão olhar para muitos jornais e verificar
que escrevem notícias que mais não são do que meros artigos de opinião. Certo é
que nunca conseguiremos ser totalmente imparciais ao narrar a verdade dos
factos. Já Fernão Lopes pretendia ascender a tal plenitude ao escrever as suas
crónicas, mas como humanos que somos é praticamente impossível dissociar-nos de
uma certa dose de sentimentalismo. Platão, por seu lado, defenderia que não
podemos ser cidadãos alienados, mas devemos estar conscientes da nossa própria
alienação, ou seja a alienação deve ser voluntária e não infiltrada!
A Comunicação
Social está a ficar viciada e adulterada pelas ideologias consumistas. No caso
concreto do jornalismo, os que mais vendem são os que se dedicam ao chamado
sensacionalismo barato. Para muitos a qualidade já não é um atributo, mas a quantidade
continua a ser sinónimo de grandeza e obstinação.
O jornalismo
poderá tornar-se perigoso desde que, nos momentos introspetivos, não se
consiga determinar as fronteiras que separam a informação da opinião. Sim
porque esses limites existem! Quando um jornalista deixa de ter as suas
próprias referências, perde-se na transmissão dos factos e toma as verdades dos
outros como suas.
O jornalismo
exige equilíbrio e harmonia, mas escrevam-se as verdades, doa a quem doer!
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